quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Reencontrar um velho amor!

E depois de muito procurar nos outros, nas coisas e na vida a reciprocidade para o amor que se entrega, descobre-se que um verdadeiro sentimento ainda pode te prender ao passado. Uma pena ter que passar por tantos contra tempos pra só depois perceber o que sempre esteve diante do nariz.
Ah, mas a vida passa tão ligeira que a gente vai deixando pelo caminho, em cada passagem, rua, viela, vidas alheias – pedacinhos de coisas que depois a gente percebe a falta tremenda que faz.
Geralmente quando se mergulha num abismo de sensações, reflexo do impacto que causa permitir que o outro esteja em você, mesmo que você nunca tenha estado nele – com muita sabedoria se abstrai o pior de si e se remonta um universo de novas coisas; possibilidades. E se reencontra amores antigos, outrora esquecidos no baú onde também se guardaram tantas outras coisas pessoais julgadas obsoletas. Eis a hora do grande salto.
Respira-se. Resigna-se. Costuram-se trapos e farrapos que foram caindo principalmente na curva mais perigosa, justamente aquela na qual você mais arriscou. Eis a hora do remendo.
Linha, agulha, pedaços. E aquele sentimento ainda latejando é quem faz com que seus suspiros (re) surjam e os traçados reconstruam através do avesso o bordado. E na costura mais simples - bainha, cós, manga, gancho e margem!
E é no cais que se encontra o recomeço. De onde se parte, para onde se volta. Isso no caso desse amor que é verdadeiro. Fadados a isso, nada pode desvirtuar a volta para esse caminho. É o grande momento.
O tempo então poderoso em sua imprevisibilidade, se encarrega de promover esse reencontro. De reciprocidade, beleza, e leveza - apesar das inesperadas e compreensíveis pontadas de inconstância e medo.
Tudo isso é normal quando se reencontra um amor. Tudo isso é singular quando esse amor é o próprio. Eis o melhor flerte da vida - consigo mesmo.
Refazer o caminho de volta só vale quando é pra viver coisas melhoradas, ou quando é pra se reapresentar ao próprio espelho. Como alguém que voltou a se reconhecer, se respeitar, e se assume em erros e acertos.
Reconhecer-se como um velho amor, desabrocha as pétalas de flores férteis, e desencapa asas para voos mais seguros nos saltos para o amor ao próximo. Esse que vem vindo... 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Do almoço!

Em minha experiência incomum na cozinha,
até a forma como você gostava que eu cortasse a cebola...
Comecei a chorar!
Apesar também das lembranças amargas,
era do ácido da mesma.
Respirei, me reiterei - passou.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Senti(n)dos.

Doses cinzentas de café,
tragos marcantes de cigarros.
Desconstruindo por dentro tudo,
matando na alma vícios vários.
Gostos e desgostos.
Na melodia de sussurros bons,
nos meus ouvidos enluarados.
Noites a dentro de clarões,
florescer dias próximos e (sempre) bem vindos.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Quem nos tornamos depois das tormentas?

Devemos convir que viver, apesar do prazer por perceber a beleza de tudo, requer um esforço grande ao passar por seus contratempos. Muitos deles causam um transtorno que a gente não acredita que vai suportar.
As máximas filosóficas que nos cercam são sempre as mesmas: ‘- tudo passa’, ‘– Decepção não mata’, ‘dor de amor, com outro amor se cura...’. Mas e o que sobra em nós depois das tormentas? A questão é em quem nos transformamos depois delas.
A gente despe a alma pra acolher o outro, revira a vida, se transforma e se encaixa pra ser mais que um – ser plenamente dois. A gente supera traumas, ajuda a supera-los também; ama, respeita, cuida e zela em proporções imensuráveis. Na balança das análises alheias, para uns o problema é ter sido tanto. No peso do que vale pra mim, não daria pra ser menos. A constatação me põe fadada sempre às frustrações? E porque a lógica é não esperar demais pra não se decepcionar? Não é mais justo só entrar quando dá pra dois? Se há mais pra um lado do que pro outro, alguém sempre sairá com um pedaço maior na parcela da dor. Sejamos, no mínimo, honestos com o que pode ser doado ou não. Há quem só perceba no meio do caminho, mas os piores são os que entram na jangada sabendo que ela vai afundar. E pior, sem esforço nenhum pra impedir o naufrago.
Esses, geralmente vivem uma realidade que não existe, criam expectativas irreais e desleais. Erram, são ‘perdoados’, vestem a máscara da figura esforçada e honesta com os sentimentos, relatam ter aprendido com a vida, fracassam novamente e cometem o mesmo erro. Descompensam 2 ou 3 vidas ao redor pelo egoísmo de não perceber que em certos casos a vida pede mais calma e maturidade. O resultado disso é dor, frustração, magoa e decepção num nível pra perto de um abismo.
Ele, nesse momento, passa de um dia pro outro a ser alguém desconhecido - um ‘cidadão comum’ que não se alcança mais. Nem ações, nem comportamento, nem discurso ou a falta dele. Como pode um ser humano ser vários em tão pouco tempo? Quem paga a conta da confusão mental e emocional dos resquícios disso? Que reconstrução eu terei que fazer depois de despir o outro das verdades que cabiam e agora não cabem mais? E como será o reflexo do drama no caminho futuro? Certas irresponsabilidades existenciais são casos patológicos de que algumas coisas não mudam nunca. Só pioram.
Resta calar, se livrar do rancor e carregar pra perto o que não pesa. Oferecer a quem mereça a possibilidade de tornar o outro um pouco melhor, todos os dias. E claro, esperar que isso aconteça permitindo que a mente e o coração só funcionem a serviço do bem.
Ser honesto principalmente consigo, livra o mundo de muita dor – vidas não são fantoches, porque tudo dentro pulsa verdadeiramente; em alguns casos.
Partamos pra outro nível - o de ser MAIS.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Flores de partir.

Viver coisas grandes exige também grandeza.
Amores transtornam o nosso caminho,
e enchem a nossa vida de beleza.
Transitar para fora de uma vida
é abalar a sustentação da sua própria.
Aí, quando resta, sobretudo, a certeza de se ter mergulhado
profundamente num mar de águas encantadoramente extasiantes -
o último suspiro pode valer o peso da eternidade,
mas embevece o coração de contemplação.

domingo, 7 de julho de 2013

O verão romântico de Marcelo Camelo.

Antes de dizer o resto, aviso: aos que não gostam dessa musiquinha cheia de 'nhenhenhen' nem precisa mais continuar a ler o post. O disco sobre o qual vou falar é cheio exatamente de "nhenhenhen's" - aquele barulhinho que o coração dos apaixonados faz no ápice do amor. O ultimo disco de Marcelo Camelo foi gravado em 2011 e se chamou 'Toque dela', produto quase reflexo de seu namoro com a também cantora Mallu Magalhães - que não coincidentemente participa desse ultimo trabalho. Mormaço é o nome do disco que foi lançado em cd e dvd e conta com a presteza de Camelo do melhor que se pode ter de um show voz e violão. Isso mesmo, o show é intimista - passa a sensação de contemplação do mar, num cenário que caberia uma rede, boa companhia e quem sabe um bom vinho. Além de Mallu Magalhães, a outra participação fica por conta do rabequista Thomas Rohrer. O disco trás poucas coisas novas. Ele regrava sucessos dos Los Hermanos, mescla escolhas entre seu disco de 2008 (Sou) e Toque Dela, o já referido de 2011. Não é um disco para surpreender, ao meu ver. Em Mormaço, Camelo refaz o óbvio caminho que a paixão lhe conduziu e felizmente lhe garantiu inspiração pra criar letras quase minusculas, porém eficazes. Aos amantes da música crua, pra quem curte o som de um violão (muito embora não tocado da maneira mais genial), o cd funciona. Os apaixonadinho então, nem se fala. Mas falando simplesmente como ouvinte, eu que gosto de música enxuta, crua - resultado da sinceridade do encontro, o cd emociona. E nesse ponto cabe ressaltar que a escolha da rabeca é certeira. Deixem os 'mimimis' de lato e corram pra ouvir, pra quem gosta de música e SÓ. Sem rótulos, sem expectativas de encontrar super produções, mixagens mil, modernas incrementações. O cd cabe na prateleira pra qualquer dia, principalmente os de domingo. Aqui uma das novidades do disco. Música que eu particularmente achei lindinha demais. Para o destaque do verso: "...fim da tempestade, Vila Isabel. Velha novidade, o teu sorriso bossa nova. Que esse céu azul se mova muito devagar..." http://www.youtube.com/watch?v=4QGKLPoqb-g E aqui pra quem quer baixar: http://www.4shared.com/folder/IkzFQ1ro/Marcelo_Camelo_-_Ao_Vivo_no_Th.html

segunda-feira, 10 de junho de 2013

O dia 'D'!

Quem um dia irá dizer... Eu poderia começar meu texto completando a célebre frase de Renato Russo, mas não vou. Meu post é sim sobre aquele velho tema foco de tudo na primeira quinzena do mês de Junho; aquele que rende choro, vela e falsas borbulhas de amor em taças amargas de solidão a dois. O grandioso dia dos namorados. Poderíamos fazer uma lista vasta com os mais variados tipos de relacionamentos, sem nos caber julgamento sobre a validade de cada um deles – mas isso duraria e tomaria muito do tempo que eu não tenho. Estejamos atentos ao que importa. Liberdade existe para nos garantir o direito da palavra, do manifesto, da explosão de alegria e do lamento da tristeza. Longe de mim criticar os amantes que enaltecem o amor ou alfinetar os que dizem sofrer de solidão. Temos música tema pra tudo – seja pra segurar seu cotovelo dolorido pelo peso das lágrimas, ou sustentar o salto das borboletas no seu estômago. Pegue o seu hit mais marcante e bote pra romper com a paciência de quem ainda tiver um pouquinho. O amor é um tema tão recorrente quanto o desamor, e os dois fazem parte do cardápio predileto de quem sobrevive do cultivo de tudo quanto é data comemorativa. Talvez nem estejamos aí pra essa coisa toda de estar solteiro ou casado – enrolado, mas é que a celebração é tão massificada que até vitrine brega estampada de corações e chocolates, com um embrulho enorme enfeitado por um laço ROSA parece um tapa certeiro naquela sua área mais sensível. Sou do amor, mas sem melação, porque aí lambuza. Tom Zé, o grande mago das contestações musicais, diria que o amor é um rock e a personalidade dele é um pagode. E pagode é o que fazem com o seu sentimento, amigo. Com salto 15 na cara de quem tá aí super à disposição pra ser amado, ou não. O tema é fértil e instigou clássicos da emblemática (!?) banda Raça Negra, que criou ‘Amor amigo’, ‘Amor bonito’, ‘Amor e desejo’, ‘Amor engraçado’, ‘Amor impossível’ e, vejam só – ‘Amor perfeito’. Amado Batista também diria que amor perfeito existia, sem esperar que um dia tudo fosse se acabar. Adelino Nascimento cantava a bebedeira pelo amor à ingrata. Amar é amplo, contemplativo e abstrato, mas Caetano chegou a dizer que o tal é da cor do azeviche, da jabuticaba e da luz do sol. Chico, o Buarque, canta tanto o amor que em uma das formas para tantos nomes – Lígias, Bárbaras, Luizas...ele disse que ao se conhecer dar-se pra sonhar e cometer desvarios, rompe com mundos e se queima navios. Haja arranjo pra tanto poema rasgado - coisa pouca perto de Vinícius de Moraes, que escreveu um Soneto de amor total. Vejam só, o cabra amou até o fim, amou além; com grande liberdade, dentro da eternidade e a cada instante. Amou como um bicho, sem mistério e virtude. E disparou aos quatro ventos que o amor nem precisa ser imortal, desde que seja eterno. E mais, no corpo da amada prometeu morrer de amar mais do que pôde. Tem amor de todo jeito e pra mais de metro, só não tem caminhão suficiente pra carregar o peso da areia. O tema ficou banal, mas é mais complexo do que correm às bocas traquinas. Vai além de 'Santos', 'Silvas', dias dozes e bodas de ouro ou prata. Na calculadora não entra o substancial, porque o amor não vale o quanto pesa nem o que se apresenta. Por isso que essa lógica mercadológica só faz sentido na teoria das mentes rasas, que priorizam a manutenção de algo que é conveniente. Ao invés de prezar pela simplicidade de ter o que se tem, e ser o que se é. Não tem parceria para o dia 12? Pegue seu banquinho e saia de mansinho, sente e se extasie de uma boa leitura, ou música (vide a minha bula lá em cima) na boa companhia de si próprio. E pra acabar, uma frase que poderia substituir todo o meu texto - pode mais valer um ponto ‘g’ do que um dia ‘d’.